segunda-feira, 31 de maio de 2010

TOP5: Comédias Românticas da Velha Guarda

5 - Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night, 1934)


O primeiro sucesso de Frank Capra conta a história da 'pobre menina rica e mimada' que aprende, à moda dos cafajestes, lições valiosas sobre o mundo real. A premissa que anos depois se tornaria desgastada, rendeu em 1934 cinco Oscar (incluindo melhor filme e direção) e renome pro diretor de filmes como ‘Do Mundo Nada se Leva’ e ‘A Felicidade Não se Compra’. ‘Aconteceu Naquela Noite’ é um marco pra GoldenAge de Hollywood. Duas cenas que eu adoro: Clark Gable incapaz de conseguir uma carona na rodovia, daí vem a linda Claudette Colbert, exibe as pernocas e consegue a carona no ato! E a cena de tensão sexual, com os dois na mesma cama, divididos por uma cortina, que Gable chama de ‘As Muralhas de Jericó’. Demais.

4 - Cupido é Moleque Teimoso (The Awful Truth, 1937)


‘O que as esposas não sabem, seus corações não sentem’
A hilariante história de um casal que vê seu casamento ameaçado pela falta de confiança mútua. Os dois decidem então que o melhor a fazer é romper o contrato matrimonial para que ambos sigam suas vidas separadamente. Só que num julgamento pitoresco pra decidir a guarda do cachorro do casal, o Sr. Smith, a maravilhosa Irene Dunne leva a melhor. Os dois têm que continuar se encontrando, por causa das visitas de Cary Grant ao cão. É a deixa para que eles passem a sabotar os pretendentes um do outro. O filme mescla os diálogos de humor ácido/paspalho a momentos de seriedade. A história, uma típica batalha dos sexos, é uma ode à confiança como base pra qualquer relação e, oh well, sobre o amor. Dificilmente se vê um filme com os protagonistas tão à vontade nos papeis, claramente se divertindo. É uma delícia.

3 - Levada da Breca (Bringin’ Up Baby, 1938)


David Huxley (o grande Cary Grant, de novo ele) é um paleontólogo, que está de casamento marcado com a noiva ultra-dominadora, passou quatro anos da vida montando um esqueleto de brontossauro e precisa de uma última peça para finalizar o bicho. A fim de barganhar um patrocínio milionário para o museu onde trabalha, encontra-se com o emblemático Dr. Alexander Peabody e lá conhece, em situações caóticas, a avoadíssima Susan Vance (Katharine Hepburn, musa). A moça fica obcecada por Huxley e pra conquistá-lo acaba provocando confusões imensas, inimagináveis. Dignas de sessão da tarde, até. O filme é de um dos diretores mais espirituosos dessa fase de Hollywood, Howard Hawks. Eu reclamo um pouco do desfecho, mas o filme é um arraso, impagável.

2 - A Loja da Esquina (The Shop Around the Corner, 1940)


Antes de trabalhar pro Hitchcock, James Stewart, à altura de seus 32 anos, fez esse ‘A Loja da Esquina’. Ele é o funcionário-exemplo da antiga loja do senhor Hugo Matuschek (interpretado pelo Frank Morgan, o Mágico de Oz!) que se corresponde há tempos por carta com uma moça (Margaret Sullavan). Eles usam pseudônimos, nunca se viram e estão completamente apaixonados. Coincidentemente, a mesma moça passa a trabalhar na loja do Senhor Matuschek, mas os gênios dos dois não se cruzam de jeito nenhum. Curioso que o amor deles funcione via Correio, mas na vida real a coisa mude de figura. O filme é gostoso de ver, embora o roteiro pretensioso acabe se enrolando no final do segundo tempo.

1 - Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment, 1960)


Do legendário diretor/roteirista Billy Wilder, o filme conta a história de C. C. ‘Bud’ Baxter (Jack Lemmon, o ator preferido de Wilder), que empresta seu apartamento a seus chefes para que estes levem suas amantes. Ele acaba se tornando vítima da camaradagem, uma vez que passa a receber promoções indevidas no trabalho – cortesia dos chefes freqüentadores do lugar. Mais ou menos um ‘Te promovi, você não pode me negar o apartamento’. Mas quando ele cede as chaves ao Sr. Sheldrake (Fred MacMurray) descobre que a amante do chefão é também o amor de sua vida: a Fran Kubelik, vivida por uma linda Shirley MacLaine, em começo de carreira. Vencedor de cinco Oscar, é um filme simplesmente sem defeito nenhum. Recomendação máxima.

Semana que vem, mais um TOP5 ;)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estreias da Semana em SLZ 28/05 - 03/06/2010

Semana cheia!
Reações curiosas no BoxCinemasSLZ: Duas Estreias e três Pré-Estreias. Bom pra nós.

Estreias:


Sex and The City 2:
 
“Quatro mulheres desejáveis e cheias de desejo. Amigas inseparáveis na selva urbana de Nova York, trocando confidências sobre seus confusos relacionamentozzZzZzz...”. Entre 1998 e 2004 foram ao ar pela HBO coisa de 94 episódios sobre o famoso quarteto de amigas da Big Apple. Em 2008, a série virou filme e nessa sexta, entra em cartaz sua aguardada (?) continuação. Eu, no entanto, prefiro continuar lembrando da Sarah Jessica Parker por O Vôo do Navegador e Abracadabra. Você não? Boa sorte, então: na sala 9 do Box Cinemas.

Pânico na Neve (Frozen):

Nesse gélido suspense, três esquiadores são sumariamente esquecidos num teleférico e agora estão à mercê do frio cortante, da hipotermia, do desespero, da morte vindoura e de uma possível intervenção do Abominável Homem das Neves. Filme independente, pouco orçamento, poucas caras conhecidas e muito peito. Eu topo.



Pré-Estreias


O Golpista do Ano (I Love You Phillip Morris):

As distribuidoras erram feio quase sempre, mas com esse O Golpista do Ano, temos um record, senhoras e senhores. Muita vergonha alheia concentrada num só cartaz e num só título em pt. É assim: ‘Um criminoso, casado e com filhos (Jim Carrey), se apaixona por um colega de cela (McGregor) e tenta fugir da prisão das formas mais bizarras depois que seu grande amor termina de cumprir a pena”. Mais uma vez, só a distribuição nacional liga pra existência de Rodrigo Santoro no cast. =~


Príncipe da Pérsia (Prince of Persia):

Elenco muito bacana nessa adaptação do clássico game trifásico (!) sobre o príncipe guerreiro - aqui interpretado por Jake Gyllenhaal. Apesar dos trailers empolgantes e da direção de Mike Newell (de HP e o Cálice) melhor não exagerar nas expectativas. Em pré-estreia nas salas 1 e 4 do BoxCinemas.


Marmaduke (Marmaduke):

O protagonista deste filme é um Dogue Alemão (Orwen Wilson), caro leitor. Esta informação descarta todas as demais, uma vez que 1) Cães são ótimos companheiros, mas péssimos protagonistas – salvo raras exceções 2) Embora Marmaduke seja célebre no mundo dos quadrinhos, a vaga de Dogue Alemão já está ocupada há anos por Scooby-Doo. O engraçado é que o filme se passa em Orange County, na Califórnia e a legendária música de Phantom Planet, da abertura de The O.C., está na trilha.


  • Poeira em Alto Mar (ou: filmes que não entraram em nosso circuito tenso)
O Escritor Fantasma (The Ghost Writer), o novo filme de Roman Polanski, foi tragicamente ignorado pela programação do BoxCinemas. Vamo parar com esse boicote, rapá.


  • Durante a semana, por aqui: 
TOP5: Comédias Românticas da Velha Guarda
Até mais ;)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Cadernos de Cabeceira


Decisão muito acertada essa que eu tive, anos atrás. Resolvi passar numa papelaria, dessas cheias de traquitanas legais, pra comprar um caderno de cara amigável. As coisas todas nas prateleiras berrando: ‘Me leva! Me espia! Me dá uma chance!’. O meu bolso, em contra-argumento: ‘Te resigna! Te reserva! Segue teu rumo!’ Mas eu venci. Voltei pra casa de posse do caderninho com espiral e capa dura. Depois aproveitei o marasmo e decidi picotar várias imagens legais das revistas velhas pra montar, em mosaico, uma capa que tivesse a minha cara - e não a da modelo besuntada de óleo, se esfregando num barco à beira-mar.
O propósito do caderno era bem simples. Sabe à noitinha quando, antes de enfim pegar no sono, a nossa mente fica dando umas voltas e você diz baixinho: ‘Cala a boca, mente! Que eu preciso dormir!’? Então. A missão do caderno era essa: coletar todos esses respingos de prosaísmo, criatividade, estupidez, volúpia e devaneios, simplesmente, e aprisioná-los no papel.
Tantas modelos besuntadas depois, me pego pensando na constatação que veio a galope: não há ouvinte mais sincero que o papel. Aprendi até a escutar o seu silêncio, que ricocheteia nas pautas e volta, na forma dos conselhos mais valiosos.
É fato que não há como contar tudo aos amigos, nem há como contar tudo ao papel. Mas essas raspas de nós, espalhadas em palavras, são uma forma de nos dividirmos, de distribuirmos um pouco de nós. E daí que os escritos de tantos Daves que já não existem mais, funcionam como uma muleta figurativa para minha memória (essa, irritantemente seletiva e, em breve, paraplégica).
Continuo escrevendo, o tempo passa e meus velhos cadernos me iludem: ‘Abotoe os cintos, McFly’.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Estreias da Semana em SLZ - 21/05 – 27/05/2010

Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010)

Depois do imenso alarde tridimensional de Avatar, esta refilmagem do clássico de 1981 sofreu a pressão da Warner e foi adaptada ao 3D. A saga de Perseu ganhou roupagem modernaça e um novo argumento: agora o semideus não luta mais por amor de sua prometida, a princesa Andrômeda, mas por vingança. Dá pra ver o Sam Worthington de saias e chinelão no BoxCinemas em versões 3D dublado e legendado e oldfashioned, em 2D.

Quincas Berro D’Água (2010)

Adaptação da obra de Jorge Amado, feita pelo diretor do super-bem-quisto Cidade Baixa (2005). Veja as comemorações póstumas de um bom-vivant com Mariana Ximenes, Paulo José e Marieta Severo no BoxCinemas.



Crônica de um Verão (Chronique d'un été, 1960)

‘Você é Feliz?’ O etnólogo e cineasta Jean Rouch e o sociólogo Edgar Morin saíram às ruas de Paris fazendo esse questionamento aos transeuntes. O mote deste filme-ensaio parece muito simples e bobo, até. Mas ao ouvir depoimentos de tanta gente com aspirações e mentalidades diferentes, a conclusão: é uma pergunta quase impossível de responder. Continuando o Festival de Cinema Francês do Cine Praia Grande, Crônica de Um Verão é um marco do ‘cinema-verdade’ que desafia as divisas da realidade e da ficção – todos os dias às 16h, 18h e 20h no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Fúria de Titãs (1981): Um Blockbuster OldSchool

Apesar de ter sido concebido no limiar da era dos blockbusters, o Fúria de Titãs (1981) de Desmond Davis parece um rebento dos antigos épicos de Hollywood, tais como Simbad e a Princesa (1958) ou Jasão e os Argonautas (1963). É que o argumento que Beverley Cross foi buscar na mitologia grega, demanda muitos (mesmo) efeitos visuais. Observe: Perseu (Harry Hamlin), o filho mortal de Zeus (Laurence Olivier), luta para salvar a vida da princesa Andrômeda (Judi Bowker) oferecida em sacrifício ao terrível monstro marinho Kraken. Para isso, precisa enfrentar um desafio ainda maior, a fim de conseguir a única arma capaz de deter a fera: a cabeça de Medusa.
Essa é uma sinopse da sinopse. A história ainda dá conta da criatura Calibos (Neil McCarthy) - visto pelas platéias antigas como o próprio diabo – e seu abutre gigante; um cachorro de duas cabeças, assecla de Medusa; Pegasus, o cavalo alado; um capacete da invisibilidade; escorpiões imensos e até a coruja-robô ‘Bubo’, uma espécie de R2D2 do Olimpo.
Não por acaso, os seres surreais de ‘Fúria de Titãs’ foram criados pelo guru dos efeitos especiais da velha Hollywood: Ray Harryhausen. Acontece que a técnica de stop-motion levada às últimas consequêcias sofreu uma considerável degradação ao longo do tempo. Afinal, foram quase 30 anos de evoluções técnicas desde que o Kraken de Harryhausen foi derrotado por Perseu.
O bom é que quanto mais velho, mais protegido pela aura nostálgica. Impossível assistir a este filme sem lembrar das madrugas acordado, à contragosto dos pais, esperando pra ver essas pérolas na televisão. Embora algumas sequências continuem eficientes (para além dos efeitos, a gente tem a estrutura dramática e narrativa) o ‘envelhecimento’ das técnicas utilizadas aqui é o principal motivo pelo qual o filme não é atraente às novas gerações.
Foi pensando nisso que a sagaz indústria dos blockbusters deu início à refilmagem. E é nessa sexta que estreia em circuito nacional o ‘Fúria de Titãs’ do diretor Louis Leterrier, de O Incrível Hulk (2008). Veremos.

(Clique nas imagens para ampliar) 

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Estreias da Semana em SLZ: 07/05 - 13/05/2010

A Hora do Pesadelo (Nightmare on Elm Street, A, 2010)

Pra quem não curte o gênero e nem é fã da franquia, o maior atrativo nesse remake de A Hora do Pesadelo é, sem dúvida Jackie Earl Haley. O ator, de voz carregada e cara de maníaco, vem se consagrando por sempre assumir personagens psicóticos com desempenhos incríveis. Ele fez o pedófilo-freak em Pecados Íntimos, o Rorschach de Watchmen e mais recentemente uma ponta em Ilha do Medo, de Martin Scorsese.


Missão Quase Impossível (The Spy Next Door, 2009)

Depois de Vin Diesel virar babá e The Rock virar fadinha do dente, é a vez de Jackie Chan faturar com filmes direcionados ao público de menos idade. Sem mais.




  • Poeira em Alto Mar (ou filmes que não entraram no nosso circuito furreca):
Essa semana perdemos O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, o último filme de Heath Ledger, que estreou apenas no circuito RJ-SP. Felizmente não veremos Segurança Nacional, o mais novo vexame do cinema tupiniquim. E perdemos também o romancinho Querido Jonh, com Channing Tatum e Amanda Seyfried. Nem queria mesmo. Até sexta que vem. Durante a semana, mas atualizações ;)

  • Links úteis:
Trailer de A Hora do Pesadelo
Programação do BoxCinemasSLZ (clique pra ampliar)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Homem de Ferro 2: Aspectos Resmungáveis


AS VESES EU FICO RE-FLETINDO.. FAS MAIS DE 1000 ANO A HOMANIDADE JA DESCOBRIL O ESTANHO E NADA DO HOMEM DE FERRO VIRAR HOMEM DE AÇO (@RaUL_AMDERLAINE)


Com toda mídia especializada alardeando fartamente que ‘Homem de Ferro 2’ supera em muito o original e que Tony Stark é o novo rei da cocada preta, não foi difícil a este chato aqui detectar aspectos resmungáveis neste novo filme de Jon Favreau. Excesso de expectativa mais uma vez mostrando que é prejudicial.
Nesta sequencia, o governo norte-americano está no encalço do herói, a fim de que este entregue às autoridades a arma letal e indestrutível que é a armadura de IronMan. Mal sabem que a tecnologia que tornou famosa a marca de Tony Stark, o está matando aos poucos. Paralelamente, nos porões da cidade, uma terrível ameaça está surgindo.
Já se disse dos riscos da continuação, em investir no inchaço do elenco com Scarlett Johansson (a Viúva Negra), Mickey Rourke (o Chicote Negro) e Samuel L. Jackson (Nick Fury) somando à trama. Mas isso não é problema, quando se pensa nas motivações do vilão russo vivido por Rourke: o pai de Stark, num passado remoto, fez um mal danado ao deste último, que agora, inteligente físico que é, bola à revelia, uma outra arma letal e indestrutível – chicotes elétricos. Ele é uma espécie de sado elevado a mais arriscada potencia. O personagem tem imensas chances de ficar milionário sob posse dos recursos oferecidos pelo ótimo Sam Rockwell, mas só quer saber mesmo de humilhar o protagonista, vingando a memória do pai. Ouch.
A despeito dos clicheteios da vilania, nosso herói, que distribui gracejos do alto de sua arrogância (em mais uma atuação inspirada de Robert Downey Jr.) está caminhando para a ruína, com tantas ameaças vindouras. Quando ‘Chicote Negro’ o ataca na sequencia de Monaco, uma das melhores do filme, o mundo descobre que a indestrutibilidade de sua armadura é questionável. Parece mesmo que é o fim da reputação de Tony Stark. Mas eis que a solução surge, da forma mais boba possível, por um EasterEgg deixado pelo pai num vídeo institucional, dos tempos do ronca. Francamente.
Se você não sacou qual é a da parada de Homem de Ferro DOIS, é que tem um segundo homem de ferro (Don Cheadle) ajudando o primeiro.  É por conta disso que o final de ‘Chicote Negro’ acontece tão instantânea e sem-graçamente, mesmo com o excesso de pirotecnia.
Cismas a parte, nem é necessário dizer que o filme funciona muito bem mesclando as poderosas cenas de ação ao humor paspalho/cáustico que lhe é peculiar, mesmo que pra mim a mistura tenha extirpado qualquer sombra de tensão da história. Em todo caso, elogios ao filme são quase-óbvios, e já se vê confetes demais. Eu, porém, reconsidero: em matéria de continuações, ‘Homem-Aranha 2’ permanece imbatível. :D