quarta-feira, 12 de junho de 2013

TOP5 – Maratona dos Apaixonados

A cena é conhecida de todos nós: geralmente nos últimos momentos do filme, o personagem apaixonado resolve deixar tudo para trás e parte em desabalada carreira rumo aos braços do amor verdadeiro. Já que na vida real cenas assim são bem raras, vamos a cinco personagens maratonistas do amor - e donos de um surpreendente preparo físico. Atenção: dependendo do seu grau de exigência, este post pode conter spoilers.

5 - O Amor Não Tira Férias (The Holiday, 2006)


-Quem corre? –Amanda Woods (Diaz)

-A troco de que? –Entregar-se aos braços de seu amado, Graham (Law)

Apesar do título calhorda, este belo chick-flick assinado pela competente Nancy Meyers é de lavar a alma. São duas histórias em uma e o trânsito equilibrado entre elas, define o ritmo do filme. Em linhas brutais: o eixo Cameron Diaz/Jude Law corresponde ao senso comum das comédias românticas modernas e o eixo Kate Winslet/Jack Black percorre um caminho mais ousado e menos comum. É assim que, depois de superar uma cascata de empecilhos, a personagem de Cameron Diaz corre, trupicando na neve, para se jogar nos braços do (na época menos careca) Jude Law. 

4 - Manhattan (Manhattan, 1979)


-Quem corre? –Isaac Davis (Allen)

-A troco de quê? –Impedir que sua adorada Tracy (Hemingway) parta para Londres!

Maravilha visual de Woody Allen que, em parceria com o mestre da fotografia Gordon Willis (o mesmo de “O Poderoso Chefão”), deixou Manhattan ainda mais linda em preto e branco. A história gira em torno da paixão entre Isaac Davis (Allen), de 42 anos e Tracy (Mariel Hemingway), de 17. A disparidade nas idades do casal deixa Davis inseguro e o leva a se envolver com Mary Wilkie (Diane Keaton). Quando ele finalmente se permite ouvir seu coração, nada segura sua resfolegante carreira rumo aos braços de sua amada, que estava de malas prontas pra Londres. Corre, Woody!

3 - Corra Lola, Corra (Lola Rennt, 1998)


-Quem corre? –Lola (Potente)
-A troco de quê? –Recuperar a grana perdida por Manni (Bleibtreu), o namorado vacilão

Provavelmente a maratonista mais dedicada da lista, a obstinada Lola (Franka Potente) precisou correr contra o tempo para salvar a pele do namorado Manni (Moritz Bleibtreu). O sujeito portava uma imensa quantidade de dinheiro que devia ser entregue ao chefe da quadrilha de bandidos à qual ele pertencia, mas acaba perdendo a bolsa cheia de grana no trem. Lola dá início a uma correria desenfreada para recuperar o dinheiro num espaço de vinte minutos (roubar um banco? pedir emprestado?), resgatando o namorado do pagamento mais caro de todos: sua vida. O filme ficou famoso pela montagem ensandecida que lança mão de vários recursos visuais, contando a mesma história por três vezes, de perspectivas e resoluções diferentes.

2 - Harry & Sally – Feitos Um Para o Outro (When Harry Met Sally..., 1989)


-Quem corre? –Harry Burns (Crystal)

-A troco de quê? –Recuperar o amor de Sally Albright (Ryan) em pleno Réveillon.

‘Men and women can't be friends because the sex part always gets in the way’. Injustamente estigmatizado pela cena em que Meg Ryan simula um orgasmo em plena lanchonete, o filme de Rob Reiner é um marco do gênero, ao melhor estilo guerra dos sexos. O trunfo aqui é mesmo a verborragia esperta e neurótica dos diálogos escritos por Nora Ephron (gênia). Mas há ainda um bom bocado de piadas visuais, a música de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, as paisagens de Nova York - ingredientes que tornam a mistura tão charmosa e especial. A história, que se passa em 11 anos de idas e vindas, é intercalada por depoimentos reais de casos de amor que deram certo. Difícil resistir a reprises e mais reprises e à cena final, com Harry (Crystal) correndo desesperadamente para encontrar a desconsolada Sally (Ryan) em plena noite de Réveillon. 

1 - A Primeira Noite de Um Homem (The Graduate, 1967)


-Quem corre? – Benjamin Braddock (Hoffman)

-A troco de quê? –Resgatar a bela Elaine Robinson (Ross) do altar

Clássico definitivo de Mike Nichols (“Closer – Perto Demais”), “A Primeira Noite de Um Homem” traz um Dustin Hoffman um pouco velho demais para o papel de Benjamin Braddock, um garoto recém-formado que retorna pra casa depois dos anos de universidade. Ele não esperava que a amiga da família, a famosa Mrs. Robinson (Anne Bancroft) fosse dar margem para a icônica indagação “Are you trying to seduce me?” e muito menos que ele iria se envolver com sua linda filha, Elaine Robinson (Katharine Ross). Aturdido por uma série de impasses, Ben Braddock (esse nome é mesmo ótimo) é compelido a correr léguas e léguas em busca do amor de sua Elaine. 

***

E aí, você também já correu atrás do prejuízo? 


Obs.: "Maratona dos Apaixonados" foi originalmente postado no Jornal Pequeno. Este é um repost. Todos os direitos reservados, bicho.

Até mais! ;)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Outra vez Gatsby

Um dos temas mais nervosos do cinema atual é, sem dúvida, a falta de originalidade nas produções. Reclama-se da multidão de remakes, reboots, incontáveis sequências, adaptações (de livros, quadrinhos, games, peças teatrais...), a lista não termina. No baile oportunista da reciclagem de histórias, o filete de roteiros originais torna-se cada vez mais tímido e recuado. Assim, é com leve estranhamento que se recebe a notícia de que o clássico livro do americano F. Scott Fitzgerald ganha agora outra versão para as telonas. Vai vendo.

Robert Redford e Mia Farrow na versão de 1974
A trama do livro se passa na Long Island da década de 1920, ainda em ressaca da Primeira Guerra, com o fervor do jazz, a ascensão do império de bebidas ilegais, romances libertinos e baixa moralidade. É ali que o escritor aspirante Nick Carraway conhece o magnata recém-chegado Jay Gatsby, que promove enormes festas em sua mansão, com a presença de visitantes dos mais altos níveis sociais, desde milionários excêntricos a estrelas do cinema hollywoodiano. Enquanto Nick se vê naufragando no artificial mundo da supervalorização de posses e bens materiais, passa a conhecer as reais intenções de Gatsby, bem como as sombras em seu passado.

Sendo assim, tanto interesse cinematográfico na obra se justifica - o livro de Fitzgerald já foi adptado para as telas pelo menos cinco vezes. O enredo retrata casos de amor perdidos, traições escandalosas; é espirituoso, surpreendente - e eventualmente envolve certa sacanagem. Trata-se de um dos romances mais importantes do século XX e um dos retratos mais fiéis da fragilidade da alta sociedade americana, que caminhava para o destino inevitável da Grande Depressão. 

A obra revisitada: DiCaprio e Mulligan
A primeira experiência do diretor Baz Luhrmann (“Moulin Rouge – Amor em Vermelho”)  com o 3D conta ainda com uma definição de elenco equilibrada entre talento e popularidade: Leonardo di Caprio, agora com 38 anos, como o misterioso Jay Gatsby. Carey Mulligan interpreta Daisy Buchanan e Tobey Maguire é Nick Carraway, o narrador. A produção executiva do rapper Jay-Z já entrega que o uso anacrônico de trilha sonora mistura pop/contemporâneo a cenários de época deve contar pontos a favor do novo Gatsby. O filme estreia nos cinemas nesta sexta (07/06). Até lá!