A combinação de três personagens principais, não necessariamente em triângulos amorosos, já rendeu ótimos roteiros. Vamos mais uma vez desviar dos exemplos óbvios como o brazuca metafísico Dona Flor e Seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1976) ou do romântico Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois (François Truffaut, 1962).
5 - Vida Bandida (Bandits, 2001)
A parceria dos ladrões Billy Bob Thornton e Bruce Willis já não andava muito bem das pernas, como nos tempos áureos. Mas os dois, recém-saídos da prisão, tramavam um último plano mirabolante a guisa de Cérebro e Pink, quando uma estonteante (e problemática) Cate Blanchett desponta super ruiva e sexy no roteiro. Vi o filme ainda no cinema – os anos pesando um bocadinho aqui nas costas.
4 – Os Sonhadores (The Dreamers, 2003)
À primeira vista, o filme de Bertolucci parece uma recompensa a quem ama o cinema. Ambientado no turbulento ano de 1968 das revoluções em maio e da Nouvelle Vague, a história, toda colorida com tintas autobiográficas, observa como a vida do americano Matthew (Michael Pitt, de Funny Games) se intercala com os irmãos gêmeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel). Um vendaval de descobertas sobre cinema e sexo - às vezes, mais atraente no visual que nas ideias.
3 – Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off, 1986)
Um filme que resume uma geração inteira. É assim o clássico de John Hughes, ‘Ferris Bueller's Day Off’, de 1986 – este ano áureo. No entanto, o bon-vivant de Matthew Broderick não seria tão inesquecível sem a escuderia de seu amigo inseparável, Cameron Frye (Alan Ruck) e da namoradinha perfeita Sloane Peterson (Mia Sara). A sintonia dos três tem a frequencia impecável quando ao som de Twist and Shout, dos Besouros.
Será possível existir uma relação amorosa a três? Fiquei em dúvida depois que Juan Antonio (Bardem) e Maria Elena (Cruz) acreditavam ser um casal impecável, mas sofriam com instintos auto-destrutivos, competitividade e alguma insanidade selvagem. É claro, todos os entraves acabaram por afastar os dois. Só que o roteiro de Woody Allen, muito bem arranjado, acaba mesclando a vida de Cristina (Johansson) a esses dois. Ela funciona como o ingrediente perdido que confere o sabor exato à mistura, numa troca muito funcional de aspirações artísticas, românticas e eróticas. Lindos cenários, espanhol embriagado, cigarros e pistolas descontroladas nesse ótimo filme.
1 – Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde, 1967)
Pouco ou nenhum crédito é dado ao tampinha que conferia alívio cômico a Bonnie & Clyde, mas graças a ele a famosa dupla de assaltantes teve o couro salvo algumas vezes antes da rajada de balas do título. C.W. Moss (Michael J. Pollard) não passava de um frentista caipira quando abasteceu o carango sanguinolento de Bonnie e passou a fazer parte da trupe inveterada. O filme marca o início da safra da Nova Hollywood dos anos 70, quando a indústria de cinema gringo teve o fôlego renovado por cineastas jovens, ambiciosos e cheios de talento – a história por trás da produção é tão boa quanto o próprio. Vale muito a pena ver.
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*Já estiveram em outros TOP5 e por isso dançaram nesse post: Butch Cassidy and Sundance Kid – o trio Paul Newman, Robert Redford e Katharine Ross, levaria facilmente o primeiro lugar por aqui. O Cantando na Chuva com os inigualáveis Gene Kelly, Debbie Reynolds e Donald O’Connor, mereciam muito entrar nessa lista. Além deles, Tenha Fé e Um Caso a Três ficaram de fora na dança das cadeiras.
E aí, lembrou de mais algum terceto? Até breve :)