5 - Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950)
Um dos filmes mais famosos do mestre Billy Wilder, ‘Crepúsculo dos Deuses’ é também um dos mais angustiantes. Uma ‘ex-estrela’ de cinema, Norma Desmond (interpretada com autoridade por Gloria Swanson), vive agora sob as ruínas de seu prestígio, perdido ao longo dos anos para atrizes mais jovens. Ela ainda sustenta toda a pompa dos tempos idos, morando numa mansão à Sunset Boulevard, com seu mordomo Max von Mayerling, que tem verdadeira adoração pela decrépita diva de Hollywood. Quando Norma conhece Joe Gillis (William Holden), um roteirista kinda loser, torna-se obcecada para retornar às telas e ser dirigida outra vez por Cecil B. DeMille. Este é um filme com um poder devastador.
4 - Cantando na Chuva (Singin' in the Rain, 1952)
‘What a glorious feeling!”A cena de Gene Kelly cantando e dançando na chuva já foi exibida e parodiada à exaustão por filmes e humorísticos da TV. A sequencia é grandiosa, sabemos, mas ela é um detalhe dentro do roteirão escrito por Adolph Green e Betty Comden. O estúdio fictício ‘Monumental Pictures’ teve sua última peça de ‘filme mudo’ rejeitada pelo público e execrada pela crítica, porque a ‘WarnerBros.’ (sim, a verdadeira) acabara de lançar, com um sucesso estrondoso, “O Cantor de Jazz”(1927) - o primeiro filme falado do cinema. Cabe à ‘Monumental...’ readaptar seu filme à nova tendência para salvar o estúdio. Mais ou menos como hoje, vários estúdios estão adaptando seus filmes à tecnologia 3D. Então, voilá: aula de história do cinema com muito bom humor, romance e canções inesquecíveis.
3 - A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)
Dizem, nunca confirmei, que este é o filme do qual Woody Allen mais se orgulha de ter feito. Se for mesmo verdade, é fácil entender o porquê. ‘A Rosa Púrpura do Cairo’ é um dos mais belos tratados já feitos sobre o amor ao cinema. O filme se passa nos anos 30, período da ‘Grande Depressão’ nos Estados Unidos. Também por isso, a realidade da garçonete Cecília (Mia Farrow) é uma penosa rotina de trabalho que finda em casa, com os maus tratos do marido - um crápula aproveitador. O cinema então funciona como uma perfeita válvula de escape: Cecília vê os filmes com tanta devoção e tantas vezes, que chega a decorar as falas. Qual não foi sua surpresa quando numa dessas sessões o personagem, impressionado por já tê-la visto tanto na platéia, salta da tela para conhecê-la. Realidade e ficção se cruzando nessa história cheia de delicadeza e humor.
Giuseppe Tornatore na direção; Philippe Noiret no elenco; trilha sonora magistral de Ennio Morricone: com esse trio, é quase impossível que ‘Cinema Paradiso’ pudesse ter dado errado. A história se passa no interior da Itália, durante a Segunda Guerra. É lá que o pequeno Salvatore 'Toto' Di Vita (vivido em três fases, por três atores) descobre o fascínio do cinema, pelas mãos do projetista Alfredo (Noiret). Vamos então acompanhando o amadurecimento de Totó, e o movimento da cidade em torno do cinema que Alfredo zela como a própria vida. A amizade que começa ali tem uma força e beleza poucas vezes vista num filme. E sim, o que torna a relação possível é o amor crescente pelo cinema – aqui com aquele charme extra, que só os italianos têm.
Uns mais, outros menos, mas a filmografia de Pedro Almodóvar é toda metalinguagem. ‘Má Educação’ talvez seja o exemplo mais crônico desse vício estilístico do diretor. Gael García Bernal faz um ator free-lancer em busca de quem analise seu roteiro e decida filmá-lo. É assim que ele encontra o cineasta Enrique Goded (Fele Martínez), com quem vivera um romance pueril na infância e com quem divide histórias de abusos sexuais sofridos por um padre. Um filme passa a ser rodado dentro de ‘Má Educação’ e os limites entre os dois são quase invisíveis, uma vez que ambos contribuem para desnudar o passado nebuloso de seus personagens. É um trabalho de edição perfeito que promete confundir até os espectadores mais atenciosos.
*Os filmes estão organizados por idade. Clique no Marcador para ver os outros TOP5. Até!
Dave, você está todo trabalhado no top five... rs Bem, esse tipo de post, só é complicado escolher os cinco filmes.
ResponderExcluirDesses comentados só não assisti Cantando na Chuva (pode acreditar, só vi a cena que você comentou), os outros sim. E são todos grandes filmes, meu favorito deles é Cinema Paradiso. Maravilhoso!
abraço!
Particularmente acho que 'Crepusculo dos Deuses' merece o primeiro lugar! Abraços Partidos do Almodovar é ótimo também!
ResponderExcluirNossa, Dave, eu sou chegado à uma "listinha", mas essa foi mesmo original. Ainda não havia me ocorrido "listar" os filmes que tinham como tema o próprio cinema.
ResponderExcluirSua seleção foi dez! Particularmente, adoro todos esses que você citou, especialmente Cinema Paradiso, por motivos sentimentais. Talvez, em seu lugar, colocasse também "A Noite Americana", do Truffaut, ou "Oito e Meio", do Fellini.
Ah, e foi dez a sacada de organizar os filmes por idade, afinal, não dá pra fazê-lo por ordem de importância ou preferência... pelo menos, eu não consigo!
Abração!
Eu colocaria o Fellini 8 1/2 não apenas por uma questão histórica, mas porque é um dos filmes que marcaram época exatamente pela metalinguagem. Mas como falei...é dicífil escolher um que seja removido da lista. Já que é cronológico e Crepusculo dos Deuses e Dançando na Chuva são próximos (em relação a data)eu tiraria um dos dois!!! (Aqueles chato)
ResponderExcluirAdorei esta seleção.
ResponderExcluirFilmes dentro dos filmes é sempre interessante e este paralelo consegue as melhores histórias, como faz muito bem Pedro Almodóvar!
Abs,
Rodrigo
Digníssimo top! Mas ainda bem que avisou que tá organizado por ordem cronológica, rs. Não que eu tivesse algum direito de questionar a ordenação, ainda mais considerando que não vi os dois primeiros. Mas Crepúsculo dos Deuses pra mim é um dos melhores filmes sobre cinema, talvez o 2º ou 3º melhor, e é uma aula de cinema do Billy Wilder, não pelo tema, mas pela direção mesmo. O filme é impecável, do tipo feito pra se ver pelo menos uma vez por ano. E Cantando na Chuva é simplesmente meu musical favorito! Aí, assim, nessa lista aí eles estariam em primeiro, hihi. Cantando na Chuva, pra mim, faz inclusive uma crítica mais incisiva à indústria do cinema do que Crepúsculo dos Deuses ou vários outros filmes que dizem se propor a isso, porque nele a crítica é forte, mas implícita e disfarçada pela alegria de um musical, isso que é genial.Acho um filme muito mais ambicioso e abragente do que costumam lhe dar crédito, é bem mais do que a cena do Gene cantando na chuva, aquilo é só a cereja do bolo. E A Rosa Púrpura do Cairo é puro amor pelo cinema mesmo *-* Fantástico, meu filme favorito do Allen, dos pouquíssimos que vi dele, lindíssimo e delicioso, apaixonante![quantos adjetivos]. Agora, não sei sobre os outros dois filme, mas... ainda assim, devo dizer que senti falta de 8 e 1/2, assim como outros que comentaram aqui, é meu filme preferido sobre cinema, porque não tem somente o cinema como plano de fundo, o filme é puro cinema, é a vida do autor, a mente do autor e o cinema, tudo se misturando e se confundindo, uma coisa se tornando a outra a cada momento. Fellini despiu-se e despiu seu ofício nesse filme de forma ímpar e fascinante, sempre acabo o filme meio atordoado. Se não viu, veja! Se viu, entendo se não te agradou tanto, mas veja de novo, de qualquer forma xD
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