Com o passar do tempo, os recursos tecnológicos se tornam
mais precisos, técnicas de animação são aprimoradas e a cada novo filme da
Pixar, o cuidado com os detalhes se torna mais impressionante. Dessa vez a equipe viajou para a Escócia (onde o filme se passa) pra aprender a usar arco e flecha, trajando aqueles kilts medonhos. O intenso trabalho de pesquisa rendeu os belos cenários e incríveis texturas usadas em ‘Valente’. Compare os cabelos dos personagens
aqui, com os de ‘Os Incríveis’ (2004), por exemplo. Os fios são plantados um a
um e dessa vez eles são menos plásticos e mais soltos. E observe os tecidos,
costuras e botões – há uma cena em que Merida se deita num sofá, triste com um
acontecimento da trama, e é possível ver os pequenos detalhes do vestido contra
a luz.
É interessante também o design de produção dos personagens
em si. Já comentei como a rebeldia dos cabelos de Merida vai de encontro à
personalidade dela. A mesma lógica é adotada pra todo mundo. Na cena em que a
Rainha Elinor prende os cabelos da filha, a moça insiste em deixar pelo menos uma mecha
solta. E é intrigante notar que a beleza dessa princesa não é clássica como a
da Bela Adormecida ou Cinderela. É uma menina arqueira, traquina e cheia de
personalidade. O Rei Fergus é o meu preferido. Como ‘Rei Urso’, ele é um
homenzarrão, um armário. Usa uma túnica de pêlo de urso que faz com que ele, de
costas, lembre um urso de fato. E os membros dos clãs, pais e filhos, também
são caricatos e extremamente engraçados, reforçando o tom jocoso com que os
homens são representados aqui, já que o destaque em Valente é mesmo para as
mulheres.
A casa da bruxa é cheia daqueles eggs espalhados por todos os filmes da Pixar. Há uma miniatura do
carro da Pizza Planet (repare na mesa) e um monstro Sully talhado em madeira (esse
eu não consegui perceber enquanto assistia). Do lado de fora, na floresta, pensei ter visto um
Mickey escondido nas folhagens (o formato de três bolinhas da cabeça do
camundongo está em todos os filmes, desde Toy Story). E a gag do autoatendimento é hilária: “Derrame a poção 01 se deseja fazer uma reclamação”.
E aqui eles conseguiram criar
metáforas visuais muito fortes, como o corte na tapeçaria, o vestido rasgado
de Merida ou uma cena em que as cores empalidecem a ponto de ficar tudo quase em preto e branco. Também fiquei surpreso com os ursos, especialmente o poderoso Mor’du,
que assusta de verdade. Pra aproximar o formato das histórias clássicas de
princesas Disney, em Valente a protagonista até canta algumas músicas, mas
nunca em formato de vídeo clip (!), como era antigamente.
O cuidado com os detalhes é um grande diferencial do estúdio. Será que a história da princesa Merida vai render um novo Oscar pra turma do John Lasseter? ;)
Leia Também:
Valente: A Princesa da Pixar [Parte 1 - Resenha do filme]
Rapunzel Reloaded: A Nova Safra de Princesas Disney
Carros 2: O Excelente Filme Ruim da Pixar
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