sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

STAR WARS!


Uma história sobre homens e seus capacetes de plástico, robôs esquisitões, princesas em penteados questionáveis, cachorros de dois metros de altura pilotando naves espaciais em meio a grunhidos ininteligíveis. O roteiro de Star Wars foi escrito a trancos e barrancos ao longo de mais ou menos dois anos, por um sujeito franzino e recluso chamado George Lucas. Ele vivia numa galáxia extremamente distante, é fato. E apesar de pensar filmes em cifrões, nem ele e nem ninguém jamais imaginou a mina de ouro que a saga seria. No último setembro, 34 anos depois da estreia de Uma Nova Esperança, toda a antologia Star Wars foi lançada no formato do momento, o Blu-ray. Vai vendo.



Na mente de George Lucas, a história funcionava de forma fluida e extraordinária. Narrativa simples pautada no heroísmo contra vilania, personagens carismáticos e acessíveis, finais felizes e muito, muito apelo ao aspecto visual. O problema é que nos anos 1970, quando Hollywood amargava um período de baixa incrível e a tecnologia de efeitos ainda tinha muito a evoluir, realizar as piruetas fantásticas e pirotecnias imaginadas por Lucas era uma missão quase impossível. A equipe de técnicos responsável pelo desenvolvimento dos efeitos visuais teve que criar muitos dos equipamentos e soluções visuais para fazer funcionar, por exemplo, um sobrevôo rasante pela superfície da Estrela da Morte.  


Tanto tempo depois, é fácil imaginar o descrédito com que Star Wars era visto no quando de sua criação. A maioria dos diretores contemporâneos a George Lucas, recém-saídos das universidades, primavam por um cinema mais próximo possível do padrão europeu (Godard, Bergman, Antonioni, Truffaut eram fontes de inspiração para os jovens cineastas) valorizando a essência da linguagem cinematográfica, a sofisticação da narrativa e dos diálogos - e o corte de gastos. Star Wars, fundamentalmente visual, vai na contramão dessa perspectiva, inaugurando o conceito de blockbuster (ou ‘filmes-pipoca’) e elevando à máxima potência o aspecto comercial da época dos grandes estúdios de Hollywood.


Por esse motivo, o legado de George Lucas é frequentemente acusado de desviar a rota de Hollywood nos idos dos anos 1970, criando um novo estilo de cinema, com gastos astronômicos e pontaria nos itens de consumo que vão de miniaturas dos personagens até barras de chocolate com Han Solo em carbonita. O insondável montante de grana fruto do mershandising incentivou a indústria do cinema a priorizar personagens simples e bidimensionais que pudessem ser transformados em brinquedos, em vez de personagens mais complexos. William Friedkin, diretor de O Exorcista, diz ‘O que aconteceu com Star Wars foi o mesmo que quando o McDonald’s se estabeleceu e o gosto por boa comida desapareceu. Agora estamos num período de involução. Tudo está sendo sugado para dentro de um grande redemoinho’.


Uma polêmica sem fim. Talvez o que mais chame atenção é a impressionante atualidade de tudo isso. ‘Cinema-arte’ versus ‘Cinemão’, a constante evolução da tecnologia a serviço do cinema, 3D, Blu-ray, marketing, arte, dinheiro, dinheiro, dinheiro. O fenômeno criado por George Lucas continua a captar novas gerações com suas infinitas ramificações, seja com a Nova Trilogia, seja com LegoStarWars, CloneWars e mais. A discussão transcende Star Wars e seu universo fantástico. De todo modo, em meio ao turbilhão de incertezas sobre os rumos do cinema, há quem consiga, sem grandes traumas, frequentar o McDonald’s num dia e no outro, o Gusteau’s.





Coleções em DVD e agora, em Blu-ray. Juro que parei de gastar com Star Wars.

*Reeditado para o StarWarsDay de 2012.
  E eu voltei a gastar com Star Wars pra ver a volta da nova trilogia ao cinema, em 3D

Um comentário:

  1. Nunca vamos parar de gastar com Star Wars #FATO Rs! Comprei a coleçãom completa em Blu-ray. Lindo!

    Abs.

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