Todo ano, o Projeto CineSESC nas Escolas precisa fazer uma triagem entre centenas de filmes (a maioria deles disponibilizados pela Programadora Brasil), para fazer exibições mediadas em escolas da rede pública e privada. No meio dessa seara imensa, separei cinco curtas muito especiais, que se utilizam de abordagens bem diversificadas, tanto do ponto de vista do conteúdo, quanto da linguagem cinematográfica. Vamos lá?
5 - A Velha a Fiar (1964) – 6 min.
A Velha a Fiar trata-se de um embrião dos videoclipes tão utilizados pela indústria da música para motivo de publicidade - lá no ano de 1964, a turma teve ideia de ilustrar a música do Trio Irakitã nesse curta de seis minutos. Intercalando cenas com fotos e rústicos efeitos visuais, o diretor Humberto Mauro conseguiu fazer com que os cortes acompanhassem os acordes e a letra engraçadíssima da canção, que convida o espectador a cantar junto. Tanto tempo depois, a fita se torna ainda mais interessante, graças à sua relevância histórica e às charmosas soluções encontradas pela produção, para fazer com que a velha (interpretada por um homem, ao melhor estilo Vovó Mafalda) continuasse a fiar, mesmo com a interferência persistente da mosca.
4 - A Garota das Telas (1988) – 15 min.
Antes de seu nome circular pelo bom trabalho de ‘O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias’ Cao Hamburger já havia dado sinais de seu talento para a direção. O curta ‘A Garota das Telas’, do longínquo ano de 1988, mostra o delírio de um apaixonado através da história do cinema. Sua musa percorre vários gêneros do cinemão, como western, film noir, sci-fi, a era dos musicais e dos tempos da brilhantina. Naturalmente não seria possível desenvolver um projeto como esse, não sendo um completo apaixonado por cinema. Ainda mais se considerarmos o imenso desfile de referências bacanosas e o fato de ser uma animação feita no artesanal modelo de stopmotion. Como esse, Cao Hamburguer dirigiu o também querido Frankestein Punk, que traz o monstro dos horrormovies, louco de apaixonado ao som de Singin’ in The Rain.
3 - Ilha das Flores (1989) 12 min.
‘Há poucas flores na Ilha das Flores’, sentencia a narrativa de Paulo José, para este curta premiado do diretor Jorge Furtado. Carregado de um humor corrosivo, Ilha das Flores discorre, em tom de documentário, sobre um lixão existente em Porto Alegre, onde seres humanos dividem espaço com os porcos, entre os dejetos. Mas essa é a visão rasa da coisa toda. Para chegar neste ponto, o roteiro sinuoso acompanha a trajetória de um tomate, desde seu cultivo, até o momento em que é descartado no aterro. Até lá, vai esvaziando as definições de tudo o que existe, como se o filme fosse produzido para uma platéia de marcianos. Dentre todos os verbetes explicados exaustivamente, o de ‘ser humano’ é o que mais se destaca. E no fim, quando a trajetória do tomate se encerra, é o conceito de ‘igualdade’ (ou ‘desigualdade’?) que se torna mais latente.
2 - No Espelho do Céu (En El Espejo Del Cielo, 1998)
É incrível como tudo parece ser possível quando se é criança, com a ingenuidade e a imaginação sem limites. Com base nesse particular ponto de vista da infância, o diretor mexicano Carlos Salces desenvolveu esse curta de extrema sensibilidade e humor, sobre um garotinho camponês que observa o reflexo de um avião passando por um pequeno lago. Ele então cria uma espécie de arapuca e fica de tocaia esperando o avião passar outra vez, para capturá-lo. Já que o filme não se utiliza de nenhuma fala ou legenda, toda a história é contata através das imagens de incrível fotografia e montagem. Linguagem cinematográfica da mais bela dimensão, que parece ainda melhor, cada vez que se assiste.
1 - A Peste da Janice (2007) 15 min.
5 - A Velha a Fiar (1964) – 6 min.
A Velha a Fiar trata-se de um embrião dos videoclipes tão utilizados pela indústria da música para motivo de publicidade - lá no ano de 1964, a turma teve ideia de ilustrar a música do Trio Irakitã nesse curta de seis minutos. Intercalando cenas com fotos e rústicos efeitos visuais, o diretor Humberto Mauro conseguiu fazer com que os cortes acompanhassem os acordes e a letra engraçadíssima da canção, que convida o espectador a cantar junto. Tanto tempo depois, a fita se torna ainda mais interessante, graças à sua relevância histórica e às charmosas soluções encontradas pela produção, para fazer com que a velha (interpretada por um homem, ao melhor estilo Vovó Mafalda) continuasse a fiar, mesmo com a interferência persistente da mosca.
4 - A Garota das Telas (1988) – 15 min.
Antes de seu nome circular pelo bom trabalho de ‘O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias’ Cao Hamburger já havia dado sinais de seu talento para a direção. O curta ‘A Garota das Telas’, do longínquo ano de 1988, mostra o delírio de um apaixonado através da história do cinema. Sua musa percorre vários gêneros do cinemão, como western, film noir, sci-fi, a era dos musicais e dos tempos da brilhantina. Naturalmente não seria possível desenvolver um projeto como esse, não sendo um completo apaixonado por cinema. Ainda mais se considerarmos o imenso desfile de referências bacanosas e o fato de ser uma animação feita no artesanal modelo de stopmotion. Como esse, Cao Hamburguer dirigiu o também querido Frankestein Punk, que traz o monstro dos horrormovies, louco de apaixonado ao som de Singin’ in The Rain.
3 - Ilha das Flores (1989) 12 min.
‘Há poucas flores na Ilha das Flores’, sentencia a narrativa de Paulo José, para este curta premiado do diretor Jorge Furtado. Carregado de um humor corrosivo, Ilha das Flores discorre, em tom de documentário, sobre um lixão existente em Porto Alegre, onde seres humanos dividem espaço com os porcos, entre os dejetos. Mas essa é a visão rasa da coisa toda. Para chegar neste ponto, o roteiro sinuoso acompanha a trajetória de um tomate, desde seu cultivo, até o momento em que é descartado no aterro. Até lá, vai esvaziando as definições de tudo o que existe, como se o filme fosse produzido para uma platéia de marcianos. Dentre todos os verbetes explicados exaustivamente, o de ‘ser humano’ é o que mais se destaca. E no fim, quando a trajetória do tomate se encerra, é o conceito de ‘igualdade’ (ou ‘desigualdade’?) que se torna mais latente.
2 - No Espelho do Céu (En El Espejo Del Cielo, 1998)
É incrível como tudo parece ser possível quando se é criança, com a ingenuidade e a imaginação sem limites. Com base nesse particular ponto de vista da infância, o diretor mexicano Carlos Salces desenvolveu esse curta de extrema sensibilidade e humor, sobre um garotinho camponês que observa o reflexo de um avião passando por um pequeno lago. Ele então cria uma espécie de arapuca e fica de tocaia esperando o avião passar outra vez, para capturá-lo. Já que o filme não se utiliza de nenhuma fala ou legenda, toda a história é contata através das imagens de incrível fotografia e montagem. Linguagem cinematográfica da mais bela dimensão, que parece ainda melhor, cada vez que se assiste.
1 - A Peste da Janice (2007) 15 min.
A questão do bullying, um tema discutido à exaustão nos últimos anos, é algo que, a bem da verdade, sempre existiu, mas que ganhou nome e cara só recentemente. Em ‘A Peste da Janice’, de Rafael Figueredo, percebemos uma outra perspectiva da infância, bem diferente daquela abordada no curta de Carlos Salces. Aqui, Janice, a filha da faxineira, novata na escola, é tratada com cruel desigualdade pelas colegas de classe que, ao tocá-la, contraem a ‘peste da Janice’. Contado em narrativa circular (a história se encerra exatamente no ponto em que começa), o curta se utiliza de uma fotografia escurecida que ajuda a realçar a situação angustiante da personagem, contrastando com o ambiente usualmente enérgico e barulhento de uma escola. Mas o tom do filme, reflexivo, é bastante cuidadoso, já que não soa complacente ou piegas em momento algum. Bem bonito.
***
Este post foi organizado segundo o critério da idade das produções e todos os curtas estão disponíveis no Youtube. Basta clicar no título de cada um deles, pra assistir (:
Veja também o TOP5 - Famous Bullying Victims!
Abraço e até breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário