terça-feira, 15 de junho de 2010

O Escafandro e a Borboleta (2007)


Se você não encontra os filmes, eles encontram você. Foi assim que eu finalmente consegui ver ‘O Escafandro e a Borboleta’ (Le Scaphandre et le Papillon, 2007). A história de extrema sensibilidade sobre o renomado editor da revista Elle francesa, Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric), que sofre um acidente cerebrovascular, que o paralisa inteiro – exceto pelo olho esquerdo, cuja pálpebra obedece aos movimentos.
É cinema puro. A lente que nos permite a história nos primeiros frames é o próprio olho de Baudy. Somos apresentados ao hospital e ao corpo de profissionais empenhados em reabilitá-lo ao convívio social. Tudo sob uma distinta perspectiva: temos acesso, como confidentes, aos pensamentos do protagonista, que vai distribuindo suas impressões. A certa altura, sentimos alguma agonia por estar vendo um filme desfocado, o ângulo irregular, entrecortado pelas piscadelas de ‘Jean-Do’. É bem essa clausura que o cineasta Julian Schnabel pretendeu transmitir, uma vez que o corpo do protagonista é seu cárcere, sua redoma – o escafandro, do título.


Mais adiante, visualizamos novos ângulos. Especialmente por intermédio dos flashbacks que nos introduzem à rotina profissional e vida particular do personagem. Passagens engraçadas e de pungente doçura. Talvez a minha preferida seja mesmo a cena em que Jean-Do faz a barba do pai – poucas vezes vi tamanha ternura num filme.
O fato é que uma das profissionais em fonoterapia do hospital onde Baudy foi internado, desenvolve uma técnica de comunicação que consiste em ditar as letras do alfabeto lentamente, pare que ele sinalize a que quer usar, através de uma piscada. Ele então vai escolhendo as letras até formar palavras, frases, sentenças. Pode parecer árduo comunicar-se assim e devia ser mesmo. Mas graças à dedicação e aos treinos, foi possível desenvolver um livro inteiro - no qual o filme buscou subsídios.
A história de O Escafandro e a Borboleta é profundamente reflexiva, permite inúmeras interpretações e é um exercício incrível de cinema. Para o bem, o homem trancafiado no próprio corpo acena entre piscadas: a mente é à prova de obstáculos.

A mente é a borboleta.

3 comentários:

  1. Sempre pego esse o dvd desse filme na mão, mas acabo deixando pra depois. O povo fala muito bem do filme, você é mais, na próxima trago pra casa e assisto.

    Abraço!

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  2. Aaaaaaaaaaa Você também viu!! Sensacional, um dos meus preferidos!
    Beijos e adoro seu blog.Vou ver "Tudo pode dar certo".

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