segunda-feira, 21 de junho de 2010

Toy Story 3 (2010)

Com uma filmografia de êxitos absolutos, a Pixar já se consagrou como um dos estúdios mais dedicados e criativos do cinema atual. A equipe de John Lasseter mal consegue empilhar as 12 estatuetas do Oscar, que recebeu desde 2002, quando o prêmio de Melhor Animação foi criado. Por conta disso, carrega nas costas a imensa responsabilidade de fazer o que parece impossível: se superar a cada lançamento.
O legado da Pixar se estende não apenas pelo pioneirismo em 1995, com o legendário lançamento de Toy Story (a primeira animação criada completamente em computador), mas por fazer subir o nível das produções de animação a cada ano. No Oscar de 2009, por exemplo, os 5 nomeados foram de extrema qualidade e ainda ficou de fora, lamentavelmente, o excelente Mary & Max, de Adam Elliot, feito em stopmotion.
Toy Story 3, por tanto, arrasta consigo a pesada carga de ser a novidade do estúdio que ‘nunca erra’ e de encerrar a franquia que apresentou a Pixar ao grande público, há 15 anos. Pois bem, temos um novo marco. Vai vendo.

Dessa vez, o cowboy Woody, Buzz Lightyear e os outros brinquedos, despontam renegados em um velho baú, por seu dono Andy - que agora já é um mocinho e está aprontando as malas para a faculdade. Aqui, se nos sensibilizamos com a situação de abandono da trupe de Woody, nos identificamos também com Andy, prestes a se tornar adulto e abraçar as responsabilidades que fazem da nossa infância um passado cada vez mais distante.
Entre virar lixo, tralha no sótão ou ser doados para uma creche, a última opção é a que acaba acontecendo. É muito tocante o apego que eles têm ao dono original (e também alguma mágoa), mas em Sunnyside, os brinquedos de Andy se deparam com uma realidade encantadora, uma vez que serão novamente foco de crianças, cumprindo sua função de brinquedos: entreter, brincar!. Eles não têm ideia do que está escondido por trás da aparente calmaria do lugar.

Prefiro não entregar detalhes sobre a trama, mas devo compartilhar a minha enorme surpresa com a inventividade da história, com o uso dos novos personagens, com a forma como souberam aplicar referências aos filmes anteriores, sem que isso soasse mera reciclagem de ideias. Naquele universo, tudo é completamente verossímil e bem justificado. Todos os pontos atendem a encaixes perfeitos e nada acontece em vão - o que é um mérito imensurável num filme com um arco dramático tão poderoso, com tantos personagens e tantas reviravoltas.
Se é um filme de animação perfeito para as novas gerações, por ser muito ágil, coloridaço, hilário e sensível? Ah, é sim. Mas devo dizer que há um prazer extra pra quem de certa maneira ‘cresceu junto com Andy’: o desfecho de ‘Toy Story 3’ é uma catarse. Foi impossível segurar as lágrimas. Sim, eles fizeram outra vez.

5 comentários:

  1. E eu não me canso de te achar o melhor comentarista de cinema do Maranhão!

    Toy Story nos remete ao brilho da infância, ao tempo em que tudo o que podíamos (e queríamos) era brincar em um mundo imaginário, onde até o impossível poderia acontecer.

    Pessoas crescem e um grande estúdio como a Pixar só poderia acompanhar esse desenvolvimento, crescendo também. Vou correr lá no cinema e aproveitar tudo o que eles têm pra me ensinar!

    Abração, mestre das resenhas!

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  2. Lindo texto!

    Não sei você, mas eu cansei de elogiar a Pixar. Parece puxa-saquismo. E não é nem um pouco!

    Favor parar de fazer filmes perfeitos. Obrigado.

    ;D

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  3. Meu querido Coelho, eu já te disse que você escreve divinamente bem? Tipo deus? Sério: texto perfeito. Orgulho.

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  4. Cara, Toy Story 3 é uma obra-prima! Eu sou suspeito pra falar porque Toy Story sempre foi minha animação do coração. O problema é que, depois de tanto tempo e de tanto rumor em torno da história, não esperava muito do episódio final. Trilogias, em sua maioria, não são bem sucedidas, né? Mas a Pixar mata a cobra e mostra o pau e ainda consegue fazer com que os marmanjões abram o berreiro.

    Pois é, eu berrei.
    Bela resenha. Não resisti e também fiz a minha.

    =)

    Abração!

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  5. Nossa, não sabia que já eram 12 as estatuetas acumuladas pela Pixar =O. E gente, que vontade de ver esse filme de novo! Até porque, não sei se era por tá acompanhado, ou se foi pelo fato da dublagem deixar o Andy com sotaque de paulista.. mas não chorei no fim, embora tenha ficado bem abalado =( alguns já disseram que isso é motivo pra procurar um psicólogo, haha. E é claro que uma animação tão bem feita, com uma qualidade impressionante em todos os aspectos, vai agradar as novas gerações, mas pra mim, TS3 foi feito MESMO pra nós, que éramos crianças na década de 90, hehe. O timing foi perfeito, e isso é uma das coisas que eu mais gosto no filme, dentre tantas.

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