Desde que os primeiros rumores desta adaptação surgiram, já envolvendo os nomes de Steven Spielberg e Peter Jackson, os fãs do jovem repórter Tintim começaram a roer as unhas em cólicas de curiosidade. Não é pra menos. Os quadrinhos do belga Hergé são conhecidos no mundo inteiro pela perfeita mistura entre espionagem, mistério e ótimas cenas de ação.
Um frame do original de Hergé, reproduzido com extrema fidelidade no filme de Spielberg
Os quadrinhos são prestigiadíssimos,
é fato. Mas eu mesmo nunca li uma página deles. Era completamente viciado na
adaptação para TV, As Aventuras de Tintim, que começou a ser produzida nos idos
de 1991 e exibidos no Brasil pela TV Cultura. O vício era tanto, que eu parava
qualquer coisa para conferir mais uma peripécia de Tintim e seu inseparável
cachorro Milu. Até hoje as vozes dos personagens e a trilha das cenas de
suspense fazem parte da minha memória. Hooray, que lindo. E o filme, como
ficou?
Jamie Bell e a parafernália técnica de Weta, empresa de Peter Jackson
Adotando o sistema de motion capture
(aquela técnica de captar o movimento de atores de carne e osso e transmutá-los
para a tela em computação gráfica), o filme de Spielberg é um de um visual
formidável que ganha o espectador desde os créditos de abertura. O roteiro
condensa três volumes dos originais de Hergé: O Caranguejo das Tenazes de Ouro,
O Segredo do Licorne e O Tesouro de Rackhan, O Terrível – todos da década de
1940. O Tintim digital (Jamie Bell, o Billy Elliot) percorre desertos, mares e
cidades na corrida pelo tesouro do ancestral do Capitão Hadoque (Andy Serkis, o
Gollum), o velho cão dos sete mares.
Hadoque e Tintim farejam as pistas do tesouro
O filme tem vários pontos altos.
O primeiro é a agilidade incrível das sequências de ação. A melhor de todas, em 'Marrocos', lembra muito Indiana Jones. E talvez não lembraria tanto se o filme
não fosse dirigido por Spielberg - mas é sabido que o cineasta já ouvira estas
comparações desde o lançamento de Os Caçadores da Arca Perdida, em 1981. O
segundo ponto é o hilário Capitão Hadoque, viciado em rum e dono das melhores
frases do filme, ostentando seu vernáculo piratês. Os intrépidos investigadores
Dupont e Dupond (Simon Pegg e Nick Frost) estão lá no encalço de um batedor de
carteiras que lembra Chaplin.
O Tintim de Spielberg é cheio de referências ao cinema-clássico: tente encontrá-las
Por fim, as estilosas transições
de cena que funcionam como verdadeiras gags visuais. Os passeios entre os devaneios
do Capitão e o tempo presente, as mudanças de núcleo narrativo.. tudo isso é
feito com muito estilo, com uma cena se misturando à outra. Como exemplo, a
sequência em que vemos o navio em pleno mar e dali a imagem vira uma poça
d’água que é pisada por um sapato, embaçando a cena anterior: estamos de volta
à cidade.
Contudo, o respeitável ‘Sr. Tintim’,
como era chamado na série de TV, temido pelas organizações criminosas,
perseguido e odiado, cuja vida estava sempre em risco... aqui parece um garoto
xereta, mais ou menos com motivações pessoais, numa trama que é na verdade totalmente do Capitão Hadoque (bebum demais pra cuidar de si mesmo). A única
menção ao histórico de glórias do protagonista é um passeio por manchetes de
jornal, que exibem casos desvendados por ele no passado.
Ainda assim, seja pelo sentimento
de nostalgia ou pelo apelo ultramoderno da tecnologia a favor do cinema, O
Segredo do Licorne é uma aventura deliciosamente sinuosa, ao melhor estilo
Spielberg, como já não se vê há algum tempo.
O filme estreia nesta sexta-feira,
dia 20 de janeiro.
1 dica: Abra as quatro últimas imagens em novas abas, para vê-las em tamanho gigante.
Assisti na segunda e que filme bom. sério, nem parece animação. achei muito fiel ao desenho. realmente muito bom.
ResponderExcluirabraço.
Tenho 4 revistas (cada uma com 6 histórias), perfeitas. O filme é fenomenal... so faltou deixar o Tintim parecer mais inteligente ainda. Enfim, ficou lindo. Me abraça.
ResponderExcluirOlá Dave!
ResponderExcluirAchei Tintim (Cavalo de Guerra tb) sensacional. Grande aventura e a animação ficou perfeita não tem como negar.
Uma pena que ficou fora do Oscar como Melhor Filme de Animação.
SWeu blog continua ótimo. Publicarei um post sobre o Tintim nesta sexta.
Abs.