quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Odisséia da Revista SET

A Revista SET é a melhor publicação de cinema do Brasil e funciona há 23 anos - a life time, amiguinhos. Mas a história recente da revista é bastante nebulosa. Vai vendo.  
Abaixo, a primeira edição da SET, em 1987.
 

Em abril de 2009, o portal Cinema em Cena publicava com exclusividade a notícia de que a SET havia sido cancelada, sem explicar com precisão os motivos do fim. O editor do site, Pablo Villaça, chegou a dedilhar justificativas - uma das quais, bastante plausível, dizia que a SET é oriunda de um período em que a internet não vigorava como atualmente e que os leitores eram mais assíduos. Previa ainda, nostradamicamente, que a mídia impressa é ‘um animal em extinção’.
Yada yada, o melhor aconteceu. O Jovem Nerd, site de nome auto-explicativo, publicava nota em junho de 2009 intitulada ‘Revista SET retorna reformulada’. A notícia informava que a poltrona de Editor da SET seria ocupada agora pelo Sir Mario Marques, responsável pelo Caderno B (Jornal do Brasil) e pela Revista Programa, destronando Roberto Sadovski do cargo que lhe pertencera há anos.


Um mês antes da volta oficial, em maio portanto, o site de entretenimento Omelete, exibia uma entrevista com Mario Marques versando sobre os novos rumos de SET. Ele dizia, do alto de sua autoridade, que faria mudanças estruturais na revista, arrancando a sessão de música ‘que não fazia sentido nenhum’; garantiu a frequência mensal da revista e bradou novos ventos de uma SET ‘eterna’. Muito bem.
De junho de 2009 (capa: Exterminador do Futuro) até aqui, foram cinco meses sem edição.  A edição de junho de 2010 só chegou às bancas agora, no final de... julho! Essa inconstância denuncia que, nos bastidores, mistérios escabrosos estão se dando. Mas a maior surpresa mesmo é que o Editorial voltou a ser assinado por ninguém menos que... Roberto Sadovski! Parece que a permanência da equipe do Jornal do Brasil durou apenas três edições.
Apesar desses percalços todos, o que deve ser dito é que a qualidade editorial se mantém, mesmo trafegando neste terreno pedregoso de troca de editora, chefia e o que mais for. A capa desse mês traz os 50 personagens mais sensacionais da história da revista, que completa 23 anos em julho. Muito conteúdo por página, muito capricho nas reportagens e ótima linguagem. É uma revista confiável e deliciosa de ler. Nesse momento, comprar a SET é ajudá-la a permanecer nas bancas. Esperemos por cenas dos próximos episódios.

Essa é minha! Vá buscar a sua nas bancas :D

* As capas que ilustram este post, exceto esta última,  foram tiradas da coleção do leitor-herói Danilo Cunha, que scaneou todas as edições da revista. Para ver todas, clique aqui.
*Todas as reportagens citadas estão linkadas ao longo do post.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

TOP5 - Filmes sobre Cinema


5 - Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950)


Um dos filmes mais famosos do mestre Billy Wilder, ‘Crepúsculo dos Deuses’ é também um dos mais angustiantes. Uma ‘ex-estrela’ de cinema, Norma Desmond (interpretada com autoridade por Gloria Swanson), vive agora sob as ruínas de seu prestígio, perdido ao longo dos anos para atrizes mais jovens. Ela ainda sustenta toda a pompa dos tempos idos, morando numa mansão à Sunset Boulevard, com seu mordomo Max von Mayerling, que tem verdadeira adoração pela decrépita diva de Hollywood. Quando Norma conhece Joe Gillis (William Holden), um roteirista kinda loser, torna-se obcecada para retornar às telas e ser dirigida outra vez por Cecil B. DeMille. Este é um filme com um poder devastador.

4 - Cantando na Chuva (Singin' in the Rain, 1952)


‘What a glorious feeling!”A cena de Gene Kelly cantando e dançando na chuva já foi exibida e parodiada à exaustão por filmes e humorísticos da TV. A sequencia é grandiosa, sabemos, mas ela é um detalhe dentro do roteirão escrito por Adolph Green e Betty Comden. O estúdio fictício ‘Monumental Pictures’ teve sua última peça de ‘filme mudo’ rejeitada pelo público e execrada pela crítica, porque a ‘WarnerBros.’ (sim, a verdadeira) acabara de lançar, com um sucesso estrondoso, “O Cantor de Jazz”(1927) - o primeiro filme falado do cinema. Cabe à ‘Monumental...’ readaptar seu filme à nova tendência para salvar o estúdio. Mais ou menos como hoje, vários estúdios estão adaptando seus filmes à tecnologia 3D. Então, voilá: aula de história do cinema com muito bom humor, romance e canções inesquecíveis.

3 - A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)


Dizem, nunca confirmei, que este é o filme do qual Woody Allen mais se orgulha de ter feito. Se for mesmo verdade, é fácil entender o porquê. ‘A Rosa Púrpura do Cairo’ é um dos mais belos tratados já feitos sobre o amor ao cinema. O filme se passa nos anos 30, período da ‘Grande Depressão’ nos Estados Unidos. Também por isso, a realidade da garçonete Cecília (Mia Farrow) é uma penosa rotina de trabalho que finda em casa, com os maus tratos do marido - um crápula aproveitador. O cinema então funciona como uma perfeita válvula de escape: Cecília vê os filmes com tanta devoção e tantas vezes, que chega a decorar as falas. Qual não foi sua surpresa quando numa dessas sessões o personagem, impressionado por já tê-la visto tanto na platéia, salta da tela para conhecê-la. Realidade e ficção se cruzando nessa história cheia de delicadeza e humor.

2 - Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso, 1988)


Giuseppe Tornatore na direção; Philippe Noiret no elenco; trilha sonora magistral de Ennio Morricone: com esse trio, é quase impossível que ‘Cinema Paradiso’ pudesse ter dado errado. A história se passa no interior da Itália, durante a Segunda Guerra. É lá que o pequeno Salvatore 'Toto' Di Vita (vivido em três fases, por três atores) descobre o fascínio do cinema, pelas mãos do projetista Alfredo (Noiret). Vamos então acompanhando o amadurecimento de Totó, e o movimento da cidade em torno do cinema que Alfredo zela como a própria vida. A amizade que começa ali tem uma força e beleza poucas vezes vista num filme. E sim, o que torna a relação possível é o amor crescente pelo cinema – aqui com aquele charme extra, que só os italianos têm.

1 - Má Educação (La Mala Educación, 2004)


Uns mais, outros menos, mas a filmografia de Pedro Almodóvar é toda metalinguagem. ‘Má Educação’ talvez seja o exemplo mais crônico desse vício estilístico do diretor. Gael García Bernal faz um ator free-lancer em busca de quem analise seu roteiro e decida filmá-lo. É assim que ele encontra o cineasta Enrique Goded (Fele Martínez), com quem vivera um romance pueril na infância e com quem divide histórias de abusos sexuais sofridos por um padre. Um filme passa a ser rodado dentro de ‘Má Educação’ e os limites entre os dois são quase invisíveis, uma vez que ambos contribuem para desnudar o passado nebuloso de seus personagens. É um trabalho de edição perfeito que promete confundir até os espectadores mais atenciosos.

*Os filmes estão organizados por idade. Clique no Marcador para ver os outros TOP5. Até!

terça-feira, 13 de julho de 2010

TOP5 - Bill Murray!

Bill Murray é o ator mais espontaneamente engraçado que existe e é responsável pelas sabatinas de cinema de toda uma geração educada à moda da Sessão da Tarde. Me meti nessa tarefa hercúlea de separar miseravelmente cinco filmes do mestre, mas dê aqui a mãozinha e vamos lá.

5 - Recrutas da Pesada (Stripes, 1981)


Dirigido por Ivan Reitman, pai do hoje reverenciado Jason Reitman, ‘Stripes’ é a história de John Winger, um anti-herói que vê sua vida desmoronando aos poucos: perde o apartamento, tem o carro roubado (e com ele o emprego, já que é taxista) e até a namorada, farta de sua vida desregrada. A solução? Entrar para o Exército e servir as Forças Armadas dos Estados Unidos. O que ele não esperava era encontrar por lá o John Candy e mais um bom bocado de reviravoltas hilárias.
 
4 -  Não Tenho Troco (Quick Change, 1990)


Um palhaço de cara não muito amigável trafega calmamente pelas ruas de Nova York. Toma o metrô, sob o olhar curioso dos transeuntes, atravessa o passeio público e entra, sorrateiro, no Banco Central. ‘Isto é um assalto!’, diz enquanto segura numa mão a arma e na outra, um arranjo de balões coloridos. Só a sequência que abre o filme, já vale por ele inteirinho. Mas o resultado do crime se agravando em efeito cascata ainda conta com o taxista paquistanês (?), a linda Geena Davis, complicações com a máfia, Stanley Tucci um pouco menos careca, ele, o muso eterno Bill Murray - produtor e co-diretor do filme - e a gente, torcendo pelo trio de bandidos.

3 - Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993)


Tão clássico quanto o conto dos cientistas caçadores de fantasmas, é este ‘Feitiço do Tempo’. Bill Murray é um daqueles repórteres de metereologia, já muito farto da repetitividade de sua profissão e particularmente arrogante. Quando ele é enviado, a contragosto, para cobrir a tradicional festa do ‘Dia da Marmota’, com notas sobre o inverno castigador do lugar, algo inexplicável acontece: ele fica preso no tempo. Acorda sempre no mesmo quarto, com a mesma roupa, exatamente no mesmo horário, como num disco riscado. A princípio, ele tenta se aproveitar do evento, corrigindo falhas da sua rotina (e até tentando conquistar o amor de Andie MacDowell), mas ao passo que a situação vai se tornando aflitiva, o personagem aprende valiosas lições - enquanto a história caminha para um desfecho brilhante.

2 - A Vida Marinha com Steve Zissou (The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004)


O então respeitado documentarista Steve Zissou produziu, ao longo de sua carreira, importantes trabalhos sobre a vida marinha. Agora, sempre munido de seus shorts Speedo, ‘Adidas Zissou’ e um indefectível gorro vermelho, Zissou está de partida para uma nova expedição. É que sua reputação perdeu o brio ao longo dos anos e ele aproveita a cruzada para reconquistar o respeito de público e crítica e vingar a morte de seu fiel companheiro, devorado atrozmente por um tubarão-jaguar - espécie raríssima. A história que se segue é de um humor cínico/paspalho sem igual, divido clinicamente entre seu elenco estelar. Este é o terceiro dos cinco filmes que Wes Anderson filmou com Bill Murray. Os outros foram Três é Demais (1998), Os Excêntricos Tenenbaums (2001), Viagem a Darjeeling (2007) e O Fantástico Sr. Raposo (2009).

1 - Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003) 


Quando o mestre faz uso de sua caruxa loser, é que os rompantes de humor ficam mais engraçados. É assim em ‘Encontros e Desencontros’, filme pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor ator em 2004 – prêmio, aliás, que foi covardemente usurpado (!) por Sean Penn. Aqui Sofia Coppola se redime pelo fiasco em ‘O Poderoso Chefão – Parte III’: o roteiro e direção de ‘Encontros e Desencontros’, assinados por ela,  foram premiados em diversos festivais, inclusive na cerimônia do careca dourado. E é desse script, uma das minhas falas preferidas já ditas por Bill Murray num filme: ‘The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you’.

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sexta-feira, 9 de julho de 2010

CineSystem e as Estreias da Semana em SLZ - 09/07

Por volta de 2003, quando chegou a São Luís o Box Cinemas, com suas 10 salas em formato stadium, som dolby digital e sistema computadorizado de projeção, todo o público de cinema da cidade migrou pra lá, deixando às traças o antigo Colossal Cinemas, de módicas 5 salas e aparelhagem ultrapassada. O prédio onde funcionava o Colossal foi demolido e as poltronas e carpetes vermelhos já nem existem mais. Com a novidade do Box, um outro cinema (o Cine Passeio, menor e bem mais antigo que o Colossal) também foi renegado pelo público e onde antes se viam filmes, hoje funciona uma sapataria – de quinta categoria, diga-se.
Agora em julho, um novo cinema chega à cidade, destronando o Box de seu monopólio de todos esses anos. A Rede CineSystem, de Maringá (PR), inaugura suas 6 salas de cinema com tecnologia digital – uma delas para exibições em 3D. Contentamento extremo com essa notícia, claro. No entanto, a gente espera que o Box Cinemas resista à concorrência e se mantenha firme - como em 2003 quando estive lá pela primeira vez (vendo Matrix Revolutions!), as poltronas com cheirinho de novas.


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Pré-Estreia:

Encontro Explosivo (Knight & Day, 2010)

Um pouco de preguiça de Tom Cruise e Cameron Diaz nesta comédia de ação arrasa-quarteirão. Porém, o diretor James Mangold talvez seja o principal motivo para ver o filme. São dele bons trabalhos como Garota, Interrompida (1999), Identidade (2003) e Johnny & June (2005). No BoxCinemas. Clique para ver a programação completa.



No Cine Praia Grande:

O Nome dela é Sabine (Elle S'appelle Sabine, 2007)

É um documentário francês dirigido por Sandrine Bonnaire, que edita filmagens coletadas ao longo de 25 anos para contar a história de sua irmã autista chamada Sabine, como bem enfatiza o título em português. Sessões às 16h, 18h e 20h.


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estreias da Semana em SLZ 02/07 - 08/07/2010

Shrek Para Sempre (Shrek Forever After, 2010)

Shrek, o ogro de caruxa amigável, é um revolucionário. Desde que ele apareceu, em 2001, alavancou o poderio da Dreamworks, bateu records inacreditáveis de bilheteria, desbancou a Pixar numa disputa pelo Oscar e deu origem a três continuações - a última das quais entra em cartaz nesta sexta-feira. Promete (e merece) ser um desfecho com dose extra de ação e aventura e, é claro, com o ótimo humor dos filmes anteriores. Pré-estreia no Box em 2D, e a partir do dia 08/07, também em 3D.

Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar (Gake no ue no Ponyo, 2008)
 
Quem viu ‘Ponyo – Uma amizade que veio do Mar’, reclama da ausência dele entre os indicados ao prêmio de Melhor Animação, no Oscar passado. É que o filme tem o selo da competência de Hayao Miyazaki, o mestre japonês de cujo estúdio já saiu pérolas da animação como Princesa Mononoke (1997), A Viagem de Chihiro (2001), O Castelo Animado (2004) e Meu Amigo Totoro (1988), este último singelamente homenageado pela Pixar, em Toy Story 3. Em pré-estreia no Box, embora a estreia oficial tenha sido prevista pra 16/07. Vai entender...
 
  
A Saga Crepúsculo - Eclipse (The Twilight Saga - Eclipse)

Um texto imenso sobre Vampiros e nem uma vírgula a mais neste blog sobre o assunto :DD

A Onda Vampiresca e alguns goles de Tru Blood


Quer queira, quer não, depois que Crepúsculo, a série de livros de Stephenie Meyer, ganhou as telas de cinema e conquistou um exército de devotados fãs, uma profusa leva de materiais sobre o universo vampiresco passou a pipocar nas TVs e telonas. A pegajosa balada de amor romântico entre Edward Cullen e Bella Swan funcionou como o mais nefasto ‘Efeito Caixa de Pandora’: diversos estúdios arregaçaram as mangas numa produção em massa de séries, livros e filmes objetivando alcançar o filão de consumidores, ávidos por similares de presas e pele pálida.
Há rumores sobre refilmagens de Drácula; Tim Burton engendrando-se num remake sobre um clássico de vamps; a versão americana de ‘Deixa Ela Entrar’ já está na esteira... Diante de tanto, Bela Lugosi, imagino, deve estar que não se aguenta de faniquitos sob a cripta.
É que os admiradores mais arredios dos clássicos contos sobre vampiros, talhados com muito esmero desde meados do século XIX, acusam Meyer de ter desfigurado o mito, ao construir uma imagem de vampiro desfocada e unidimensional: Edward, o tacanho protagonista de Crepúsculo, brilha harmonicamente quando exposto à ação dos raios solares – à diferença dos confrades de Nosferatu, criaturas das trevas, que ardiam, condenados, diante do sol.
A controvérsia se estende ainda aos amantes da sétima arte, que praguejam e lamentam a marcha de filmes eminentemente apelativos, paupérrimos de estilo ou personalidade, que despejam rios de melodrama sobre a cabeça de um vulnerável público adolescente. Felizmente, como que por probabilidade, há aproveitáveis nessa enxurrada sanguinolenta.


O exemplo mais proeminente, talvez seja mesmo a ‘True Blood’, de Alan Ball. O produtor, roteirista, ator e diretor estadunidense ganhou projeção mundial com o Oscar que recebeu pelo roteiro de ‘Beleza Americana’ (1999). Ainda me causa certa aflição, confesso, que Ball tenha cedido à coqueluche suga-sangue, uma vez que foi ele o responsável por uma das melhores séries de todos os tempos - e minha preferida, sem dúvida – ‘A Sete Palmos’ (Six Feet Under 2000 – 2005), sobre uma família que trabalha com serviços funerários. Mas True Blood é ótima surpresa.
A série se passa em Bon Temps, um lugar fictício, situado no estado da Louisiana, onde humanos e vampiros podem co-existir graças a ‘TruBlood’, um sangue sintético vendido em adoráveis garrafinhas (parecem longnecks); uma invenção de cientistas japoneses que permite que os vamps não precisem atacar humanos à revelia para se alimentar. Trunfo.
A estrutura é parecida com a usada em A Sete Palmos: tem-se os personagens-âncora (uns seis) interagindo entre si, mas cada um deles tem seu próprio núcleo, com argumentos próprios. É como se fossem várias séries dentro de uma só. Isso não só requer personagens mais profundos, como atribui densidade e conteúdo à trama.


A protagonista é Sookie Stackhouse (Anna Paquin, que foi premiada pelo Oscar de coadjuvante ainda bem novinha, pela atuação no ótimo 'O Piano', de 1993), uma garçonete telepata que guarda um fascínio particular por vampiros. Parece uma dádiva conseguir ouvir o que os outros pensam, mas Sookie demonstra quão degradante pode ser ter acesso ao que terceiros realmente pensam a seu respeito. Trunfo.
Quando ela conhece o vampiro Bill Compton, do alto da maturidade conquistada em 140 anos de vida (!) e descobre que não consegue decifrar os sinais dos seus pensamentos, a moça se envolve. O silêncio.
Este é o mote, mas nem sempre o casal principal está sob o foco de TrueBlood. É possível gastar horas falando dos demais personagens, como o andrógino Lafayette, que nas horas vagas faz contrabando de V.Juice aka sangue de vampiro. O sangue dos vampiros é absurdamente valioso por possuir propriedades cicatrizantes, além de um altíssimo grau de entorpecimento. É um elixir de cocaína, praticamente. E esse é um terceiro Trunfo!. É quase uma inversão: aos humanos, o sangue dos vampiros também é artigo de luxo.


Além disso, Jason Stackhouse, irmão de Sookie, um personagem durão e mulherengo, mas extremamente ingênuo e volúvel, acaba aderindo a uma espécie de Seita/Igreja fundamentalista, Fellowship of the Sun, que prega um ódio velado aos vampiros – e por trás disso, um poderoso plano de extermínio. Trunfo! Qualquer semelhança com a perseguição de cultos a minorias, não é mera coincidência.
A primeira temporada de TrueBlood é impecável e merece ser vista. Enquanto os primeiros episódios da terceira temporada vão sendo liberados, numa campanha publicitária que é criatividade pura, vou conferindo a segunda temporada. Embora ainda tenha muito a acontecer, a série de Alan Ball é uma prova deliciosa de que toda regra tem exceção. Veja a abertura e sua música viciante. Até ;)